A atividade industrial brasileira registrou a contração mais rápida dos últimos 20 meses, pressionada pelas pressões elevadas sobre os preços, poder de compra limitado dos consumidores e as consequências da nova onda de covid-19 provocada pela variante Ômicron. Os dados são relativos ao Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), que é divulgado pela IHS Markit.
O índice caiu de 49,8 em dezembro para 47,8 em janeiro, revelando uma deterioração mais acentuada nas condições operacionais das atividades industriais em mais de um ano e meio. Com isso, as empresas continuaram a repassar aos consumidores os custos da compra de insumos e a reduzir postos de trabalho pela primeira vez desde março.
Os fabricantes brasileiros registraram o quarto mês consecutivo de queda em novos negócios no início do ano. A queda foi atribuída ao reduzido poder de compra dos consumidores devido à inflação elevada e a uma demanda enfraquecida. A taxa de contração no total de vendas foi acentuada e a mais acelerada desde maio de 2020.
Os volumes de produção também caíram ao ritmo mais acelerado em 20 meses. Em acréscimo às vendas reduzidas,
os participantes da pesquisa associaram a queda à nova onda de covid-19. A produção apresentou queda nos segmentos de bens intermediários e de consumo, mas aumentou para os fabricantes de bens de produção.
Cenário econômico é o maior desafio da indústria
A Diretora Associada de Economia da IHS Markit, Pollyanna de Lima, explica que o cenário econômico, influenciado pela pandemia, é um desafio para a indústria brasileira em 2022. “Os resultados de janeiro apresentaram as contrações mais acentuadas nos índices de pedidos de fábrica e de produção desde maio de 2020. Com novas ondas de COVID-19 atingindo o planeta, as empresas também registraram mais uma redução nas vendas internacionais”, afirma.
“Um dado encorajador, contudo, é que as pressões inflacionárias diminuíram em janeiro. Tanto os custos de insumos quanto a inflação da produção aumentaram ao ritmo mais lento em 19 meses, permanecendo, ainda assim, entre os mais elevados jamais vistos em 16 anos de pesquisa”, conclui Lima.
Além da pandemia, Lima cita que o poder de compra reduzido das pessoas e a inflação alta limitaram a capacidade de produção das indústrias. Assim, as empresas compraram menos insumos, visto que o preço de matérias-primas continuam elevados, e tiveram que cortar postos de trabalho em meio a iniciativas de redução de custos.
Mesmo com este ambiente desafiador, a diretora de economia da IHS Markit destaca o aumento da confiança nos negócios das atividades empresariais.