A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) promoveu recentemente uma visita técnica na BR-163, a chamada rodovia da soja. O gerente de economia, Daniel Furlan Amaral, percorreu o trajeto entre Santarém, PA, e Sinop, MT. Na avaliação dele, houve avanço nas obras, mas se pode melhorar, principalmente no que se refere à segurança dos caminhoneiros. O início das chuvas de novembro traz grande preocupação.
De acordo com Amaral, a associação está se reunindo todos os meses com o Dnit – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, para o acompanhamento das obras, principalmente da parte não asfaltada. “Conforme o departamento, a verba para o próximo ano está garantida. A Abiove está verificando a possibilidade de aumento da verba para os trechos não asfaltados e em manutenção nesses meses de chuva”. Entre Novo Progresso e Miritituba, ambos no Pará, a parte asfaltada construída nesse ano está em um total de 60 km.
Segundo Amaral, os pontos mais problemáticos da rodovia estão localizados entre os municípios de Novo Progresso, PA, e Sinop, em Mato Grosso. “Curiosamente são trechos que já estão asfaltados, mas que por estarem sem manutenção há muito tempo acabam ficando quase que intransitáveis por conta do tamanho dos buracos”.
Para ele, as duras condições da estrada impõem ao transportador um aumento no valor final do frete. “Os altos custos com a manutenção do caminhão e os gastos adicionais com amortecedores, pneus e combustível obrigam o caminhoneiro a transferir esse custo ao redor de 50% do que em um frete equivalente, por exemplo”. O frete de mercado de Sinop a Miritituba está em R$ 215; já o frete equivalente em uma rodovia em melhores condições fica em torno de R$ 148 – cerca de 68% menor.
Sobre o trecho em construção entre Miritituba e o distrito de Morais de Almeida, em Itaituba, Amaral disse que o Exército pretende remover o aclive, cortar os morros do Sabão e Anita com o objetivo de facilitar a abertura de estradas, o que é uma boa medida. O asfaltamento entre Bela Vista do Caracol, em Trairão, e Morais de Almeida foi outro ponto favorável.
Entre Morais de Almeida e Novo Progresso, as condições ainda continuam ruins. Parte do caminho apresenta buracos e sérios riscos para os motoristas por causa da visibilidade limitada. “Enquanto percorríamos o trecho, nos deparamos com um acidente grave, um caminhão tombado e motorista ferido. Uma triste e comum consequência das condições do local”, explica Amaral, que viajou com Fábio Gonçalves, coordenador de transporte da ADM.
No fim do percurso, entre Novo Progresso e Sinop, vias esburacadas e muita lama dificultavam o tráfego. Obras para melhorar o trecho estão sendo realizadas, mas em ritmo lento, o que prejudica o desenvolvimento local.
A Abiove está engajada para que o governo direcione recursos para a manutenção e conclusão da rodovia. Enquanto não ocorre a finalização dos trechos, a associação propôs medidas necessárias para a segurança do tráfego no local, como o “Pare e Siga”, mobilização do Dnit e suporte da Engenharia do Exército para as obras de construção.
O total de soja embarcada por Miritituba em 2017 foi de 4,5 milhões de toneladas. Já o milho ficou em 3 milhões de toneladas. Conforme a Abiove, a previsão para 2018 é de 5 milhões de toneladas de soja e de 4,1 toneladas para o milho. A associação estima que em 2018 os volumes de soja escoados por Santarém sejam de 4,5 milhões de toneladas, enquanto que o milho fique em 3,6 milhões t.
Para a próxima safra, conforme Amaral, a Abiove está com projetos para a melhoria do tráfego na projeção de aumento da utilização da rodovia, como o agendamento de circulação de veículos para evitar que os caminhões parem em fila dupla ou atolem. A expectativa é que as obras sejam encerradas até o fim de 2019.