Minas Gerais precisa expandir o número de portos-secos e os investimentos em ferrovias para melhorar a logística de transporte e promover o desenvolvimento econômico. A pesquisa feita pelo professor do Instituto de Geociências da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Rodrigo Affonso Nóbrega aponta a necessidade de pelo menos mais três portos no Estado. O estudo mostrou que as cidades consideradas importantes para a instalação das estruturas intermodais seriam Montes Claros (Norte), Paracatu/Unaí (Noroeste) e Teófilo Otoni (Mucuri).
O assunto foi discutido, ontem, durante audiência pública realizada pela Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião teve como objetivo debater a interface entre a localização de portos-secos, a infraestrutura logística e o desenvolvimento regional de Minas Gerais.
A discussão teve como base a pesquisa acadêmica desenvolvida pelo grupo de pesquisa Transportation Research and Environmental Modeling Lab (Trem/UFMG), coordenado pelo professor Rodrigo Affonso Nóbrega.
Os estudos de Rodrigo Nóbrega ressaltaram que Minas Gerais possui, hoje, apenas cinco portos-secos em funcionamento. O número é considerado muito baixo se comparado com São Paulo, por exemplo. O estado vizinho concentra 27 das 63 estruturas desse tipo no País.
“A demanda pelos portos-secos é natural. As cidades se desenvolvem do lado de portos e muitas cidades não contam com área para expansão e nem dinâmica logística. A tendência é a interiorização dos portos. Em Minas, é preciso modernizar as ferrovias e implementar portos-secos para intermodalidade. No Estado são cinco portos em operação, é um número muito pequeno. O poder econômico que tem um porto é muito expressivo e promove o desenvolvimento no entorno”, explicou.
Os portos instalados em Minas Gerais têm, basicamente, duas funções: o armazenamento de grãos agrícolas e o atendimento à indústria, como o de Betim, por exemplo.
“A interiorização dos portos é importante para o desenvolvimento econômico. Minas tem áreas propícias e com grande potencial para instalação de portos-secos e, isso, ajudaria a ampliar o desenvolvimento regional, com a atração de indústrias depois da implantação das estruturas de portos-secos”, disse Nóbrega.
Com base em pesquisas e dados públicos sobre infraestrutura e transporte de cargas, os estudos identificam regiões no Estado onde há necessidade e expectativas promissoras para a instalação de portos-secos. As principais cidades identificadas são Montes Claros, Paracatu/Unaí e Teófilo Otoni.
O indicado é instalar portos intermodais, ou seja, voltados para atender fluxos de mercadorias transportados por diferentes meios. Estas estruturas, na maioria das vezes, trabalham conectadas às redes ferroviárias. As unidades também contribuem para a melhora dos fluxos logísticos e desafogam os portos principais.
A instalação de novos portos também é importante para o poder público, uma vez que, em operação, podem aumentar as receitas estaduais a partir do deslocamento dos impostos alfandegários para o Estado.
Assim como a necessidade de novos portos-secos, o estudo também mostrou que é preciso revitalizar, modernizar e ampliar a malha ferroviária do Estado. Os portos integrados às ferrovias tornariam o transporte de cargas menos oneroso, reduzindo os riscos e perdas. As ferrovias também retiram caminhões das rodovias, diminuindo riscos e a emissão de gases que provocam o efeito estufa.
“A quantidade de carga que se transporta hoje é muito superior ao passado e não tem um transporte mais viável que ferrovia, que precisa ser reestilizada. A reestruturação da malha ferroviária depende também da reestruturação na intermodalidade e o porto-seco cai como uma luva sobre isso”, disse Nóbrega.