As principais montadoras do mundo pedem um acordo comercial entre o Mercosul e Europa como forma de dar uma “resposta” à onda protecionista de Donald Trump, nos EUA. Para a Oica (Organização Internacional de Construtores Automotivos), existe uma janela de oportunidade de apenas seis meses para que o tratado comercial entre os dois blocos possa ser fechado. O acordo vem sendo negociado há 18 anos e entrou em 2018 em sua reta final.
“Não temos muito tempo para permitir que haja um acordo”, afirmou o presidente mundial da Oica e ex-ministro de Transporte do governo alemão, Matthias Wissmann. “Temos eleições no Brasil e na Argentina. Além disso, o Parlamento Europeu também passará por uma eleição”, apontou. “A janela de oportunidade é de apenas meio ano para que haja um acordo e por isso apelamos para que os responsáveis políticos na Europa e no Mercosul façam o possível para chegar a um acordo”, insistiu.
Sua avaliação é de que, com mudanças de governos em ambos os lados, o risco é de que o processo seja adiado por mais alguns anos.
O alemão afirmou ainda que um tratado entre os dois blocos daria um sinal positivo para os mercados, em meio à onda protecionista. “O protecionismo está em alta e veja o tom usado nos últimos dias a partir de Washington”, afirmou o executivo, diante do anúncio do governo americano de que irá aplicar tarifas de importação ao setor siderúrgico.
“Precisamos de acordos com o Mercosul para conter a onda protecionista”, disse Wissmann, durante o Salão do Automóvel em Genebra, um dos mais importantes do mundo.
Protecionismo
As montadoras, reunidas nesta quarta-feira, 7, indicaram que estudam formas de tentar influenciar líderes políticos para “evitar um círculo vicioso de medidas protecionistas”. No fim de semana, Trump acenou para a possibilidade de que, depois do aço, barreiras sejam estabelecidas contra carros europeus e asiáticos.
“Não existem dúvidas de que a competição é dura entre montadoras. Mas a realidade é que nenhum país pode satisfazer sua demanda com sua própria produção”, alertou Wissmann. “O livre mercado e fim de barreiras são importantes para o emprego, crescimento e prosperidade”, disse.
Na avaliação do presidente da entidade de montadoras, privilegiar a produção local só faz sentido quando existe a oportunidade de exportar. Mas se mercados estão fechados, esse caminho também não seria viável.
Ele ainda lembrou do papel dos fornecedores que, num carro, representam 75% do valor do produto final. “Temos de fazer de tudo para evitar novas barreiras”, disse.
“Apelamos para que fronteiras estejam cada vez mais abertas, e não fechadas. O populismo de esquerda ou de direta questiona abertura comercial. Temos de manter mercados abertos”, completou.