A sigla ESG é a abreviação de “Environment, Social & Governance” (Ambiental, Social e Governança, ou ASG no português). Esse conceito refere-se às boas práticas empresariais que se preocupam com critérios ambientais, sociais e parâmetros de excelente governança corporativa (Valor Econômico, 2021).
Nas últimas décadas, graves problemas ambientais, incluindo o uso excessivo de recursos naturais, ar, água e ruído poluição e o rápido desaparecimento das florestas tropicais têm representado ameaças para a qualidade de vida em todo o mundo (Wu e Dunn, 1995).
As empresas de logística têm um papel crucial no desenvolvimento socioambiental da cadeia de suprimentos, pois conectam as empresas de toda a cadeia enquanto suas atividades ainda dependem fortemente do consumo de combustível fósseis e energia que resultam em altas emissões de carbono (Herold e Lee, 2017).
No Brasil, cerca de 60% dos transportes de carga são feitos pelas rodovias, como apontam dados do Plano Nacional de Logística de 2015. A dependência de frotas de caminhões é grande, e os veículos a diesel são os principais responsáveis pela poluição do ar. Esse é um dos desafios que o setor enfrenta: encontrar outras formas eficientes, econômicas e viáveis para a realização de entregas. Para reverter esse cenário, surgem alternativas, como as entregas realizadas com frotas de bicicletas e caminhões elétricos, e até mesmo a pé, quando as distâncias permitem. (Guilherme Juliani, 2021).
Segundo a Brasil Risk, a incorporação dos critérios ESG no ambiente corporativo traz uma série de benefícios, entre eles: Operação mais inteligente e enxuta; melhoria na gestão de riscos; upgrade nos resultados institucionais e financeiros; melhor posicionamento no mercado financeiro, já que as empresas passam a ser vistas como um bom investimento; menor exposição à volatilidade econômica e POLíTICA; reflexos positivos no balanço das empresas por adotarem cuidados com o meio ambiente, responsabilidade social e governança ética; melhoria na reputação, credibilidade e visibilidade para a marca; atração e retenção de talentos; mais competitividade e respeito dos clientes.
Não há dúvida de que a logística sustentável é crucial para alcançar o crescimento econômico e diminuir o impacto social negativo e impactos ambientais (Abbasi e Nilsson, 2016; Khan et al., 2019b). Embora o desempenho logístico tenha convencionalmente orientado para o custo, tempo e precisão, as empresas de logística estão agora sujeitas a intensa pressão de governos e outros stakeholders quanto ao cumprimento de práticas responsáveis (Shaw e outros, 2010).
À medida que as preocupações com a logística sustentável e verde aumentam, os fatores que impactam os esforços de responsabilidade social corporativa no setor de logística ganham mais importância. Mecanismos externos (ou seja, o ambiente institucional) e mecanismos internos (ou seja, o conselho de administração ou diretoria) podem influenciar estratégias, políticas e esforços de ESG.
A diretoria tem um papel significativo na promoção de uma empresa para o equilíbrio sócio[1]econômico (Liao et al., 2015), gerenciando os interesses dos stakeholders (Burke et al., 2019), proporcionando negociação entre a cadeia de suprimentos. Nesse contexto, a composição e estrutura da diretoria são um fator importante na decisão corporativa tomada de decisão relacionada a questões ambientais e sociais (Post et al., 2011). Embora haja um progresso significativo no sentido de compreender a ligação entre a estrutura da diretoria e o desempenho do ESG (Hussain et al., 2018), nenhum estudo anterior ainda investigou essa ligação no setor de logística. A motivação por trás da realização do presente estudo é abordar esta lacuna na literatura analisando a relação entre um conjunto de placas características e atuação da RSE no contexto logístico.
Importante salientar a relevância do valor do desempenho da responsabilidade social corporativa no setor de logística, focando particularmente nas características do conselho de administração e na estrutura de sua gestão.
Existem estudos que sugerem que a diversidade de gênero do conselho de administração está positivamente associada à desempenho de responsabilidade social corporativa e desempenho de governança. Além disso, as empresas que possuem comitê de sustentabilidade são mais propensas a terem maior desempenho de responsabilidade social corporativa (tanto geral e social) do que aqueles que não o fazem. Além disso, as empresas com maior diversificação em sua diretoria são mais propensas a apresentam maior atuação no pilar social de responsabilidade social corporativa.
Esses resultados confirmam que as mulheres nos conselhos e nos comitês de responsabilidade social corporativa são um fator essencial para atingir as metas de responsabilidade social corporativa.
Esta constatação justifica a nomeação de mais mulheres para conselhos corporativos e até sugere o cumprimento de determinada proporção de mulheres no tamanho geral da diretoria. Assim, as empresas que ainda não possuem diretoras ou exibem uma representação feminina fraca em conselhos são aconselhados a diversificar sua composição para melhorar a processo decisório direcionado às políticas e práticas de ESG.
Estatísticas descritivas mostram que a proporção de diretoras femininas nas empresas de logística é, em média, 11,49%. Os resultados mostraram que o número de membros nos conselhos não desempenha um papel papel significativo nos compromissos de ESG das empresas. A separação de CEOs e presidentes do conselho é indiferente ao compromisso de ESG das empresas de logística, no entanto, as mulheres nessas posições aumentaram particularmente a dimensão de governança da ESG, bem como o envolvimento geral.
Para a logística 4.0 é impossível ignorar que a governança de ESG é essencial para a sustentabildiade do TRC, contudo torna-se também relevante o reconhecimento e incentivo da ascensão feminina em um ambiente majoritariamente masculino.
Por: Ana Paula de Souza – COMJOVEM Belo Horizonte