O motorista que passa pelas BRs que cortam Minas Gerais precisa redobrar a atenção em 43 km de quatro das 16 estradas federais. De acordo com levantamento da reportagem do jornal O TEMPO, os trechos foram responsáveis por 1.071 acidentes – 8,4% de um total de 12.709 – entre janeiro e dezembro do ano passado.
Nos 43 km das BRs 381, 040, 262 e 116, ao menos 23 pessoas morreram em 2017. Outras 145 pessoas foram levadas para hospitais em estado grave. Essas rodovias foram as únicas com mais de mil acidentes em 2017 entre todas as estradas que passam por Minas.
O trecho mais perigoso é o do KM 533 da BR–381, na altura de Itatiaiuçu, na região Central do Estado. No local, houve 50 acidentes, e duas pessoas morreram após se acidentarem no ano passado. O quilômetro anterior, o 532, foi palco de 48 acidentes em 2017, quando uma pessoa morreu.
Os dados levantados fazem parte dos registros da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que apontam ainda que, na BR–381, 375 acidentes ocorreram e nove pessoas morreram nos dez quilômetros mais violentos no ano passado.
Na sequência, a BR–040 teve 287 colisões nos dez quilômetros com o maior número de acidentes. Seis pessoas morreram com as batidas (veja a tabela AQUI).
Imprudência. Ainda de acordo com o levantamento da PRF, a maior parte dos acidentes foi causada pela imprudência dos motoristas. Velocidade alta, ultrapassagem indevida, falta de atenção e desobediência à sinalização, por exemplo, destacam-se como os principais motivos dos impactos.
No KM 511 da 040, por exemplo, na altura de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, foram 37 acidentes, dos quais 26 (70,2%) ocorreram por algum descuido dos condutores. De acordo com os números, 14 batidas (37%) nesse mesmo quilômetro se deram por falta de atenção dos motoristas.
Não respeitar a distância em relação ao veículo que está à frente causou cinco acidentes (13,5%), e desobedecer à sinalização e dirigir em velocidade alta provocaram quatro (10,8%) ocorrências no trecho de um quilômetro.
Fiscalização. O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (Abeetrans), Sílvio Médici, destaca que, para diminuir a imprudência dos motoristas, deve-se promover mais fiscalização e educação no trânsito. “Além da necessidade de fiscalização, o condutor brasileiro precisa de formação adequada. Há carência nisso”, enfatiza.
Para Sílvio, os acidentes estão ligados sobretudo a “excesso de velocidade, falta de atenção e falta de manutenção do veículo”. “Em Minas, há uma particularidade, que são os traçados mais complicados das estradas, pela geografia e pelas pistas com projetos antigos”, completa.
BR Legal tenta evitar ocorrências
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) lançou em 2014 o projeto BR Legal na tentativa de diminuir acidentes e mortes nas rodovias federais do Brasil. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (Abeetrans), as BRs que receberam a ação tiveram uma diminuição de 71% no número de batidas.
A proposta, de acordo com o Dnit, “muda os parâmetros da sinalização horizontal e vertical (com materiais diferenciados) e implanta dispositivos de segurança, como defensas metálicas em trechos críticos e painéis com mensagens variadas em áreas urbanas”.
Conforme o Dnit, desde a criação do BR Legal, a sinalização das vias passou a ser considerada serviço contínuo – como já ocorre com relação à manutenção – e com dotação de recursos nas leis orgânicas, para todas as fases, desde o projeto até a execução dele.