O presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), Eduardo Rebuzzi, participou ontem (12) de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, promovida pela Comissão de Viação e Transportes, para discutir a “Segurança pública nas rodovias e o aumento do roubo de cargas”. Representando também a Confederação Nacional do Transporte (CNT), Rebuzzi reforçou o papel de liderança da NTC&Logística e da CNT em debates fundamentais para o setor de transporte de cargas.
Ao se pronunciar, o presidente Rebuzzi expôs o panorama de números alarmantes de roubos de cargas e os impactos provocados por esse tipo de crime. Registrou que, para enfrentar esse problema, o setor tem se empenhado muito, de forma preventiva, na proteção ao motorista e à carga transportada, investindo fortemente em tecnologias e estratégias de segurança – como sistemas de rastreamento, gerenciamento de risco, escolta e outras –, que hoje representam 14% da receita bruta das empresas. Além disso, conta com a atuação das Polícias Militares dos estados, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Civil, que procura investigar esses crimes. Todo esse empenho, porém, não tem sido suficiente para conter o avanço desse criminalidade.
Rebuzzi acrescentou que, para resultados de fato efetivos, é necessária uma atuação rigorosa do Legislativo e do Judiciário. Enfatizou que os receptadores de carga roubada são os principais motores da continuidade desses crimes e sugeriu a implementação de medidas rigorosas, como a criminalização dos receptadores, o agravamento de penalidades e a suspensão do CNPJ das empresas envolvidas com a receptação de cargas roubadas. A atuação rigorosa da Justiça tem que alcançar tanto os criminosos que agem nas ruas como os receptadores. É inaceitável, disse Rebuzzi, que nas audiências de custódia os criminosos sejam liberados praticamente em seguida ao assalto aos veículos de carga. Sem a aplicação vigorosa da lei, os esforços preventivos e os investimentos realizados pelo setor de transporte restam insuficientes para impedir essa alarmante prática criminal, que gera prejuízos financeiros, riscos para os profissionais e insegurança para a sociedade.
A audiência foi convocada pelo deputado Zé Trovão, autor do requerimento, e incluiu dados alarmantes que reforçam a urgência da questão. De acordo com a Pesquisa Realidade do Transportador Autônomo de Cargas 2024, realizada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), 46% dos caminhoneiros autônomos no Brasil já foram vítimas de roubo de cargas e relatam uma sensação constante de insegurança nas rodovias. Estatísticas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que, somente no Rio de Janeiro, a média de roubos de carga atingiu 11 ocorrências por dia em agosto, mais do que o dobro do mesmo período no ano anterior.
Além de Eduardo Rebuzzi, a audiência contou com a participação de Francisco Rodrigues de Oliveira Neto, coordenador de Áreas Especializadas de Combate ao Crime da PRF, representando o Ministério da Justiça e Segurança Pública; major PM Vagner Pedron, chefe da Divisão Operacional do Comando de Policiamento RODOVIáRIO da PMESP; Diumar Bueno, presidente da CNTA, acompanhado de Alan Medeiros, assessor institucional da presidência; Jaime Ferreira dos Santos, representante da Federação Interestadual dos Cegonheiros (FEICEG); Autair Iuga, presidente do Sindicato das Empresas de Escolta do Estado de São Paulo (SEMEESP); Paulo Guimarães, CEO do Observatório Nacional de Segurança Viária, e Júlio Cezar dos Reis, presidente do Instituto Carga Segura.
Durante a audiência, foram discutidas as ações em andamento, como o reforço da fiscalização em áreas críticas e o aumento das operações de segurança, além de novas propostas, como parcerias público-privadas e o uso de tecnologias de monitoramento. O evento buscou integrar as demandas do setor com as estratégias das autoridades para aumentar a segurança de caminhoneiros e transportadoras, reduzindo os prejuízos causados pela criminalidade.
A NTC&Logística ratificou o compromisso de longo prazo com o combate ao roubo de cargas nas estradas brasileiras e nas vias urbanas, defendendo um enfrentamento integrado e contínuo a esses crimes, que afetam diretamente o setor e a economia do país. Rebuzzi destacou que a entidade tem se empenhado em manter as autoridades informadas sobre os desafios enfrentados pelo setor, promovendo eventos como o 1o Encontro Nacional de Segurança no TRC, que contou com a presença do secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo.
“A segurança nas estradas e vias urbanas é uma prioridade para nós. Estamos sempre buscando sensibilizar o poder público sobre a realidade enfrentada pelo setor. Esse compromisso reflete a missão da NTC&Logística e da CNT no sentido de promover um ambiente seguro e sustentável para o transporte rodoviário de cargas”, afirmou o presidente Eduardo Rebuzzi. Ele ressaltou, ainda, a preocupação do setor quanto ao impacto da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, que será julgada hoje pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Essa medida tem limitado a atuação das forças policiais em comunidades do Rio de Janeiro.