É de conhecimento comum que o transporte RODOVIáRIO de cargas é essencial para a economia do país, já que representa cerca de 65% das mercadorias transportadas pelas malhas brasileiras. Contudo, é movido por diversos desafios diários por se tratar de um segmento que exige diversas legislações e responsabilidades para serem regidos.
Uma das questões importantes que vêm movimentando as alamedas do setor está na reforma tributária, que deverá trazer algumas mudanças importantes com relação aos tributos que impactam diretamente o desenvolvimento da economia brasileira.
Recentemente, durante a 22ª edição do Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, em discussão na Câmara dos Deputados, empresários e lideranças do setor defenderam a alteração das PECs 45/19 e 110/19 como medidas que levem à evolução do segmento.
As principais exigências foram o pedido de alíquotas reduzidas do novo imposto sobre bens e serviços (IBS) para os diferentes modais do setor (rodoviário, aquaviário, ferroviário e aéreo), além do crescimento do imposto sobre os combustíveis para a frota.
Marcel Zorzin, diretor operacional da Zorzin Logística, pondera o impacto que o segmento sentirá caso os pedidos não sejam levados adiante: “Acredito que o setor tenha uma carga bastante elevada atualmente. Com a reforma em regime, está previsto que o setor de serviços sofrerá um aumento de impostos. Por isso, as lideranças governamentais precisam entender que é necessário olhar o transporte de cargas de forma diferenciada, já que somos essencial e enfrentamos deficiências em termos de valores e de investimentos”.
A preocupação relatada pelo empresário está presente dentro de estudos relacionados ao assunto. De acordo com o estudo realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), o transporte deve ter uma elevação de 41% nos tributos em caso de subcontratação de caminhoneiros e de 29% para a frota própria.
Com isso, no encontro em Brasília, empresários, lideranças e entidades do setor marcaram presença e indagaram as deficiências que o setor enfrenta com os números atuais. Para Marcel, essa união do segmento é o ponto crucial para uma evolução ainda maior.
“O papel deles é identificar os principais problemas enfrentados pelos transportadores rodoviários de cargas e levá-los à frente no desenvolvimento. Por isso, é de extrema importância o alinhamento de todos para que o respaldo seja coerente quando formos exigir questões como essas”, descreve o executivo.
Outro ponto bastante questionado sobre a reforma tributária é o acréscimo que pode ser gerado nos custos dos combustíveis, já que, segundo a CNT, o diesel – combustível mais usado pelas transportadoras – representa cerca de 35% do custo operacional do transporte de cargas.
“Seria ótimo se os combustíveis não fossem tributados, especialmente para quem possui uma frota de veículos. Isso ajudaria a reduzir os custos, principalmente considerando os problemas que tivemos no passado, quando o preço do mesmo chegou a R$7,00. Isso com certeza tornaria o transporte mais acessível e, consequentemente, reduziria o preço dos produtos em si – ou seja, todos sairiam ganhando”, relata Marcel.
O pensamento interno das empresas é que essa evolução seja gradual, mas que se comece de fato uma mudança dentro das diretrizes que competem ao segmento. “No que diz respeito à reforma tributária, é importante haver uma abordagem diferenciada nesse primeiro momento. Seria interessante licitar de forma distinta e que chegasse realmente no final da integração do sistema tributário brasileiro. Além disso, uma carga menor ajudará a atrair investimentos estrangeiros, visto que o Brasil perde muitos lucros devido à alta carga de impostos. Dessa forma, independentemente do governo, devemos pensar no melhor para o nosso país e buscar melhorias”, finaliza o empresário.