O ano de 2016 tem sido, no mínimo, desafiador para todos os brasileiros.
Atividade econômica em franca queda, o “fantasma” da inflação segue figurando como uma triste realidade no dia a dia da população, continuamos a enfrentar as taxas de juros mais altas do mundo, os velhos problemas estruturais seguem como obstáculos para o crescimento sustentável, a elevadíssima carga tributária continua pesando em nossos ombros, a burocracia do Estado ainda se apresenta como uma grande vilã do desenvolvimento e, como se não bastasse, a confiança está fortemente abalada por um governo destituído por falta de credibilidade e institucionalização da corrupção, no que culminou em uma das maiores crises políticas e econômicas da história do país.
Contudo, o intuito deste artigo é buscar os pontos positivos nesta tempestade e (tentar) achar uma luz no final desse escuro e sombrio túnel que atravessamos, em especial para o Transporte RODOVIáRIO de Cargas.
Como membros da Comissão de Jovens Empresários do TRC e representantes de empresas do setor, podemos estar certos que nossas principais ações serão voltadas para um futuro que dificilmente viveremos, uma vez que o Brasil carece de reformas estruturais cujo impactos, se acontecerem, somente serão percebidos no longo prazo, tais como:
Reforma POLíTICA: o Brasil é líder mundial em quantidade de partidos políticos, sistema eleitoral (no mínimo) discutível, financiamento de campanhas claramente passível de ser corruptível, o fato do voto ser obrigatório gera claras dúvidas sobre acreditar ou não que o eleitor vai as urnas por acreditar no ato em si, reeleições e tempo dos mandatos fazem com que muito tempo de trabalho seja perdido pelos eleitos em campanhas e ações políticas especialmente em anos eleitorais, criação de coligações, dentre outros fatores devem ser colocados em pautas e revistos.
Reforma Tributária: temos a necessidade urgente de desburocratizar o sistema tributário, onde, por exemplo, estima-se que em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro são necessárias mais de 2.500 horas anuais com as obrigações fiscais, enquanto em “vizinhos” como Santiago e Buenos Aires gasta-se menos de 500 horas, eliminar a “guerra fiscal” entre estados e municípios e criar a possibilidade de eliminar distorções e dar proporcionalidade na estrutura tributária.
Reforma Trabalhista: estamos vivendo 2016 com leis trabalhistas dos anos 40. É de se questionar a realidade vivida à época que a CLT foi criada com o que passamos atualmente, basta ver a evolução da dinâmica das relações de trabalho de lá para cá, sem citar o estilo de vida em si. Em resumo, a estrutura trabalhista no Brasil não incentiva, nem de perto, a geração de empregos. O empregador pensa “mil e uma vezes” antes de criar um novo posto de trabalho, infelizmente.
Em especial para o TRC, é o momento onde coloca-se em pauta o debate sobre o Marco Regulatório do setor, com os objetivos principais de desburocratizar e dar mais segurança às atividades de transporte rodoviário de cargas. O resultado esperado com este debate e com as medidas colocadas em pauta é criar melhores condições para o desenvolvimento e valorização do TRC enquanto atividade econômica fundamental para o país.
Dentre os principais desafios estão: a necessidade de maior segurança nas atividades de transporte, diminuir a defasagem dos fretes praticados em relação aos custos do setor, elevado impacto da carga tributária no TRC que chega a superar o impacto da folha salarial, inclusive, falta de infraestrutura, diminuição da burocracia nas atividades como um todo, além de despertar a consciência da importância do nosso segmento para a economia do país.
Entende-se também que em poucas linhas, questões complexas e que envolvem todos os setores produtivos do país foram brevemente apresentadas. Os menos otimistas podem pensar que todas estas reformas e “manobrar esse transatlântico” chamado Brasil não passa de utopia, mas não devemos esquecer da força que nosso povo apresentou, das importantes mudanças que, unidos (e somente por que assim estivemos!), conseguimos fazer acontecer.
Lembremos, contudo, que alguns destes pontos são necessários para o desenvolvimento do Brasil há décadas e talvez não tenham sido colocados em discussão como estão sendo colocados agora! De toda forma, se pensar a nível de país pode soar como algo muito distante, comecemos a implantar, como otimistas que somos, essas reformas em nosso dia a dia, em nossas casas, em nossas organizações. Sejamos diariamente menos burocráticos e mais ágeis, que possamos criar relações interpessoais mais confiáveis e transparentes, que pensemos em como nossas ações podem ser úteis também para a coletividade, que tenhamos prazer em gerar riquezas e que nos encante levantar todos os dias e PRODUZIR! Lembremos, por fim, que estamos vivendo um momento único em nossa história e, por mais conturbado que seja, devemos aproveitá-lo para não mais aceitar passivamente tudo o que nos é imposto e que temos a obrigação de nos posicionar a agir por aquilo que realmente acreditamos.