Foto: Bloomberg/Infomoney
Crescente demanda industrial impulsiona o rali, quando siderúrgicas tentam aumentar a oferta depois de ficarem ociosas durante a pandemia
Os preços globais dispararam este ano, batendo recorde após recorde. A crescente demanda industrial impulsiona o rali, quando siderúrgicas tentam aumentar a oferta depois de ficarem ociosas durante a pandemia. Além disso, potências como China e Rússia buscam limitar as exportações para ajudar outros setores no país.
“Se você me perguntasse há seis meses qual era minha visão mais positiva para o primeiro semestre de 2021, não acho que teria chegado nem perto da realidade”, disse Carlo Beltrame, que responde por Romênia e França na AFV Beltrame, em entrevista por telefone. A empresa de capital fechado planeja construir uma usina de 250 milhões de euros (US$ 295 milhões) na Romênia, com capacidade para produzir cerca de 600 mil toneladas por ano.
Esse otimismo está muito distante da última década, quando empresas ocidentais fecharam usinas e demitiram funcionários devido à baixa demanda, o que levou siderúrgicas a operarem abaixo da capacidade. Só no ano passado, 72 altos-fornos foram desativados, de acordo com o UBS.
Este ano, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quer gastar em infraestrutura, e a União Europeia planeja investimentos para zerar as emissões líquidas. Fabricantes como Nucor, US Steel e SSAB estão entre as mais rentáveis. A ArcelorMittal, maior siderúrgica do mundo fora da China, terá lucro maior que o do McDonald’s ou da PepsiCo, de acordo com estimativas de analistas.
Mas poucos esperam que esta época de ganhos dure até 2022. A Keybanc Capital Markets e o Bank of America acreditam que os pedidos em atraso, que elevam os preços do aço nos EUA, começarão a diminuir este ano. Mas alguns analistas preveem que o rali atual pode anunciar tempos melhores no longo prazo, com os preços se acomodando em níveis mais sustentáveis do que antes.
“As indústrias de aço fora da China entrarão potencialmente em um período de renascimento”, disse Tom Price, chefe de estratégia de commodities da Liberum Capital, em Londres. “Podemos ver uma reviravolta, porque essas economias precisam apenas do aço.”
O que ocorre na China é fundamental, já que o país produz mais da metade do aço mundial, principalmente com altos-fornos a carvão. O governo sinalizou que não quer mais arcar com o enorme custo ambiental que esse modelo acarreta, por isso busca reduzir a produção por meio de medidas como diretrizes sobre substituição da capacidade e fim da redução de impostos para exportações.
“Restrições quase certamente ocorrerão”, disse Tomas Gutierrez, editor para Ásia e chefe de dados da Kallanish Commodities. “As siderúrgicas no exterior podem dormir um pouco mais tranquilas.”
Alcançar a meta do governo será um desafio, diante da forte produção da China no início do ano, disse Lu Ting, analista sênior da consultoria Shanghai Metals Market. Enquanto isso, a primeira versão do roteiro da Associação de Ferro e Aço da China em direção à neutralidade de carbono será observada de perto pelo mercado para quaisquer pistas sobre a trajetória do fornecimento futuro do país.