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Prefeitura e USP discutem implementação de hidrovias nos reservatórios da Zona Sul de SP

por | mar 12, 2018 | Aquaviário

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Chapéu:
A Prefeitura de São Paulo já definiu uma proposta de mudança nas linhas de ônibus da cidade e, ao mesmo tempo, começa a analisar a possibilidade de implementar, a longo prazo, outro tipo de transporte: a criação de linhas de hidrovias para a navegação de barcos de passageiros nas represas e rios da capital paulista.
 
O projeto de um novo modal de transporte, com balsas integradas aos ônibus e trens, ao estilo do transporte público de Amsterdam, na Holanda, no entanto, seria a longo prazo, segundo a Prefeitura.
 
Em 2017, o prefeito João Doria (PSDB) promulgou a lei nº 16.703, que trata do Plano Municipal de Desestatização (PMD). O projeto está associado à meta 44 do Programa de Metas da gestão. A proposta inclui a previsão de contrato com uma entidade que terá como “escopo realizar a exploração, administração, manutenção e conservação de terminais de ônibus do Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros e do Sistema de Transporte Público Hidroviário na cidade de São Paulo”.
 
Apesar disso, o edital que orienta o processo de licitação do transporte público em São Paulo não incluirá o transporte hidroviário. Segundo a SPTrans, a pedido do grupo de estudos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), por intermédio de Ricardo Nunes, o secretário Sérgio Avelleda concordou em iniciar uma série de reuniões para discutir o projeto.
 
“No entanto, não há nenhum projeto definido, tampouco previsão de implementação de projetos dessa natureza no curto prazo. Não há consulta pública específica sobre esse tema. A previsão é apenas de que, quando houver sistema fluvial, os ônibus deverão se integrar a ele”, diz a nota da SPTrans.
 
Antes, disso, em 2014, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou a Lei 16.010/14, projetada pelo vereador Ricardo Nunes (PMDB), para a inclusão do sistema de transporte público hidroviário na capital paulista. No mesmo ano, a Prefeitura incluiu a “integração entre os sistemas de transporte coletivo, viário, cicloviário, hidroviário e de circulação de pedestres” no Plano Diretor.
 
Projeto
 
A proposta dos pesquisadores da FAU tem como objetivo um sistema de transporte fluvial conectado com os terminais de ônibus e estações de trem, inclusive com integração de tarifas. O Grupo Metrópole Fluvial prefere não divulgar o valor estimado para a custo da implantação desse sistema porque o projeto ainda é estudado e depende de decisões da gestão que abraçar o projeto.
 
As embarcações seriam parecidas com ônibus biarticulados, inclusive no custo, comportariam até 200 passageiros, e seriam movidas a hidrogênio, como o modelo Nemo H2, produzido na Holanda e que opera nos canais de Amsterdam.
 
Inicialmente, seria desenvolvida, em caráter experimental, a navegação em uma hidrovia no lago do Reservatório Billings e outra hidrovia no lago do Reservatório Guarapiranga, pois a infraestrutura necessária está praticamente pronta, a rede de transporte público no extremo Sul da cidade é deficitária e se limita aos corredores de ônibus, segundo os pesquisadores.
 
Por essas duas hidrovias, percorreriam dez linhas de travessias, seis delas na Billings e quatro no Guarapiranga. O grupo de pesquisadores propõe a construção de nove portos urbanos, sendo cinco na Billings e quatro no Guarapiranga.
 
Na Billings:
 
Porto Graúna, na Cidade Dutra, junto ao Sesc Interlagos;
 
Porto Gaivotas, no Grajaú;
 
Porto Sete Campos, em Pedreira, próximo da Avenida do Alvarenga;
 
Porto Krukutu; em Parelheiros, junto a Estrada da Barragem;
 
Porto Pedreira, em Pedreira;
 
Porto Bororé, no Grajaú.
 
No Guarapiranga:
 
Porto CDC Guarapiranga, na Cidade Dutra, junto a Avenida Atlântica;
 
Porto Clube dos Funcionários Públicos, no Jardim Ângela, próximo a Estrada do M’Boi Mirim;
 
Porto Parque da Barragem, no Socorro, ao lado das estações Jurubatuba e Socorro;
 
Porto Balneário São José, na Cidade Dutra, próximo a Avenida Senador Teotônio Vilela.
 
A segunda etapa do trabalho seria a inclusão da navegação nos rios Tietê e Pinheiros, que já possui um estudo pronto, mas que necessitaria da construção de canais artificiais.
 
Hidroanel Metropolitano
 
Um caminho em favor da adoção do transporte hidroviário vem sendo trilhado há décadas pelos pesquisadores da FAU-USP. Inicialmente, o grupo recorreu ao Governo do Estado com a proposta de construção de um Hidroanel Metropolitano.
 
De acordo com o Departamento Hidroviário (DH) da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, cerca de 30 estudos similares já haviam sido apresentados ao governo do estado, até que em 2011, uma empresa foi contratada para analisar a viabilidade técnica, econômica e ambiental do sistema de transporte com o apoio do Grupo Metrópole Fluvial.
 
Apesar do interesse do governo, o projeto para execução do empreendimento sequer foi desenhado, segundo a Secretaria de Logística e Transportes, pois os investimentos totais estimados giram em torno de aproximadamente R$ 3,1 bilhões, necessitam do empenho de pelo menos três gestões e a participação de cerca de dezoito municípios da Grande São Paulo.
 
De acordo com o DH, para a construção de uma Hidrovia Metropolitana, “há que se considerar a previsão de implantação por fases, sendo a primeira delas o aproveitamento da estrutura já existente e implantação daquelas que exijam menores investimentos”.
 
Por essa razão, o Grupo Metrópole Fluvial da FAU-USP elaborou um estudo para implementação, em um primeiro momento, do sistema de transporte fluvial na cidade de São Paulo, antes de alcançar a região metropolitana.
 
As discussões na capital paulista têm envolvido o vereador Ricardo Nunes, o Grupo Metrópole Fluvial, liderado pelo professor Alexandre Delijaicov, que foi um dos coordenadores dos grupos de trabalho que projetaram os Centros Educacionais Unificados (CEUs) e as ciclovias em São Paulo, e a diretoria do departamento de Planejamento da SPTrans.