Levantamento da Accenture diz que tecnologia reduziria custos e agilizaria tomada de decisões
O 5G ainda engatinha no Brasil. Mas alguns setores da indústria já estão de olho nas vantagens que a quinta geração da tecnologia pode trazer. É o caso da indústria automotiva, que realiza estudos e negocia com outras empresas como levar o 5G para dentro das fábricas de veículos. Levantamento da Accenture Industry X aponta que a produtividade das montadoras pode crescer em até 15% com a adoção desta nova fase das redes móveis.
“Existe aplicabilidade para a indústria automotiva e entendemos que uma combinação de tecnologias, incluindo armazenamento de informações na nuvem e a internet das coisas, ajudarão a transformar a manufatura das montadoras. Estamos participando de discussões intensas para trabalhar junto com as montadoras e outras organizações para criar, de fato, uma jornada voltada para a escalabilidade”, disse Carlos Boechat, diretor associado da Accenture Industry X.
Aumento na produtividade das montadoras
O executivo lembrou do projeto-piloto desenvolvido em parceria com a Tim e a Stellantis, que aproveitou a tecnologia 5G em sua moderna fábrica de Goiana (PE), onde são produzidos a Fiat Toro e os Jeep Renegade, Compass e Commander.
O projeto teve a colaboração das três empresas no desenvolvimento de um sistema de controle de qualidade que utiliza informações na nuvem e inteligência artificial para identificar cada veículo que passa pela linha de montagem – e até detectar eventuais falhas nos processos de produção.
Enquanto a Tim foi nomeada como provedora de telecomunicações responsável pela infraestrutura e rede 5G, a Accenture cuidou da integração da rede com recursos de automação de imagem e análise de vídeo de seus ativos Solutions.AI for Processing para melhorar a segurança e a qualidade da produção de automóveis na fábrica pernambucana.
Boechat afirma que a evolução da tecnologia 5G e sua eventual adoção nas fábricas pode trazer uma série de vantagens para as montadoras em ganho de produtividade e otimização de recursos.
“A implementação da tecnologia resulta em um ganho na qualidade de produto, embora ainda não haja como medir o percentual desse ganho. De toda maneira, nós acreditamos que a produtividade pode ter ganhos entre 5% a 15%. Existem ainda outros benefícios, como uma redução nos custos de manutenção e no consumo de energia, este também entre 5% a 15%”, estima.
De volta aos bons momentos
O discurso de Boechat se alinha ao levantamento realizado pela própria Accenture, que apontou que, dependendo da utilização do 5G, a produção nacional de veículos poderá ser mais rápida do que atualmente.
Por otimizar os processos digitalizados, as montadoras podem rastrear ativos e produtos com maior facilidade. E as informações em tempo real sobre os processos podem contribuir para tomadas de decisões mais rápidas e predições de falhas mais certeiras.
Na prática, de modo geral, a adoção do 5G também permitiria maior redução de custos para as fabricantes. Com isso, essa economia poderia ser reinvestida no desenvolvimento de produtos e pessoas e em recursos que contribuam para uma maior agilidade nos processos e para acelerar a produtividade das montadoras.
Com tudo isso, a empresa projeta que, com o auxílio da tecnologia, a indústria automotiva brasileira poderia retomar os patamares de algumas décadas atrás, quando chegou a ocupar a 7ª posição mundial em manufatura e a 6ª em licenciamento de veículos.