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Quem Será o Motorista da Rodada?

por | out 1, 2021 | Núcleo Videira

Fonte: COMJOVEM - Videira
Chapéu: Artigos

Atualmente um fator extremamente necessário para o transporte e que vem se intensificando negativamente é mão de obra operacional, mais precisamente, qualificação e busca por vagas de motoristas profissionais.

Nos últimos anos, estatísticas em todo o país apontam e reafirmam este aspecto que veem se intensificando com a escassez de motoristas, trazendo consigo ameaças em cadeia para toda a população pós período pandêmico. Sem o funcionamento rodoviário em suas devidas e respectivas necessidades, à medida que as economias se recuperam e a demanda por serviços de transporte se intensifica, com poucos motoristas qualificados a serviço, ocasiona no enfraquecimento do funcionamento do transporte rodoviário.

Os principais obstáculos apontados para a dificuldade de contratar motoristas é a severidade e as dificuldades que são exigidas pela profissão nas rodovias brasileiras. Fatores que intensificam a vasão destes profissionais:

  • Descriminação e desvalorização por parte da sociedade quanto ao profissional motorista, causando a impressão de função desprezível e irrelevante;
  • Insegurança nas rodovias causada pelo grande número de roubos que também demonstram alavancado crescimento e preocupação, bem como acidentes provocados com imprudências cometidas por terceiros da via;
  • Clientes mal estruturados, muitas vezes proibindo a abertura de caixa de comida para refeições, banheiros em situações depredáveis e sem local para realizar sua higienização pessoal e de suas roupas;
  • Tratamento desigual nos embarcadores e guaritas, muitas vezes até mesmo sem contato visual com o pessoal, apenas realizando a entrega de documentos sem diálogo e orientações quanto a documentação e carga;
  • Exigências como de câmeras de fadiga o que em muitos casos é visto como invasão de privacidade e decorrendo em solicitação de rescisão de contrato devido causar stress devido aos alertas gerados; 
  • Implementação da lei 13.103/2015 aonde limitou a jornada de trabalho dos motoristas em 12 horas diárias, sendo destas, 8 horas normais + 4 horas extras, com paradas para descanso e pernoite mínima de 8 horas, fato este que antes desta lei vigorava a Lei número 12.619/2012 e anterior a esta vigorava o inciso I do artigo 62, da CLT, que dispensava o trabalho externo do controle de jornada, fatos que, motoristas de anos de estrada sentiram-se pressionados com estas imposições;
  • Longos períodos longe de seus familiares, esposas e filhos;
  • Infraestrutura deplorável em alguns pontos das rodovias apresentando pistas irregulares, fissuras, desníveis e buracos;
  • Falta de sinalizações e ausência de acostamentos em rodovias com via de mão de única;

Segundo a FETRANCESC, estatísticas divulgadas pelo Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC) em parceria com o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e São Paulo e Região (Setcesp), com a publicação em 28/05/2021, a quantidade de motoristas categoria C caiu drasticamente entre 2015 e 2020, aonde a  redução foi de 5,9% ao ano no número de motoristas com CNH C desde 2015, com queda mais acentuada em 2017 e 2018, quando caiu 8,9%, implicando em um número superior a 1 milhão de motoristas.

Anos atrás era perceptível o orgulho pela profissão, aonde pais passavam o legado do transporte para seus filhos, passando de geração em geração o amor e respeito por esta renomada e importante profissão, fato este que está se perdendo. No entanto, conforme a NTC (Associação Nacional do Transporte & Logística), o interesse pela profissão de motorista de caminhão vem despencando no Brasil. Atualmente, 60% dos profissionais do setor têm mais de 50 anos, sendo que cada vez mais verifica-se a dificuldade em criar um plano de carreira com a nova geração e tornando cada vez mais próximo a escassez de motoristas profissionais qualificados para essa tão importante operação.

Identificamos então a importância que este profissional tem na sociedade, responsável pelo abastecimento do país, mas para que este impacto seja sanado o quanto antes possível a fim de evitar uma crise em cadeia, precisamos tomar algumas tratativas e ações como meio de intervenção, tais como:

  • Redução do valor para habilitação, pois altos valores impossibilitam que interessados, mas com condições de vida inferiores, desistam da opção de seguir carreira pelo grande investimento que terá de fazer;
  • Redução da idade para realizar a habilitação categoria ‘’E” e assim antecipar o estimulo para seguir profissão, sendo que a necessidade de possuir 21 anos completos faz com os jovens busquem outras profissões antes de ter a chance e contato como de motorista. Para este caso, faz-se necessário que haja um acompanhamento com apadrinhamento de motoristas a anos de estrada com estes jovens desde os 17 anos para aprenderem com o tempo os macetes, locais de risco, manutenção básica do veículo, como conduzi-lo de forma segura e de direção defensiva para que então com 18 anos completos possa realizar a sua habilitação e seguir carreira;
  • Maior investimento e apoio das empresas quanto a qualificação dos motoristas já existentes e de novos profissionais, com cursos disponibilizados pelo próprio SEST SENAT de Direção Defensiva e Motorista Aprendiz e também pelo curso criado pela FABET com o Programa Caminhão Escola Avançado (cursos disponibilizados em Santa Catarina e São Paulo);
  • Aumento do salário mensal dos motoristas de acordo com o aumento de frete, proporcionando melhor visualização para a carreira e reconhecimento da população em geral, atraindo e aumentando a procura por estas vagas;
  • Inclusão e oportunidade para jovens e mulheres, mostrando os pontos positivos e negativos, alertando o motivo de toda tecnologia nova justamente a fim de garantir saúde e segurança do próprio motorista, mostrando que com a evolução e que com qualificação e empenho há uma ótima oportunidade para crescimento financeiro e de reconhecimento nesta profissão;

Faz-se necessário também, que as empresas relembrem e enfatizem com seus motoristas toda a evolução que a lei do motorista 13.103/2015 e a tecnologia agregaram para a segurança no transporte, aonde protege o motorista de jornadas exaustivas; veículos equipados com cama, cozinha, ar-condicionado, câmbio automático e tecnologias embarcadas como o rastreamento dos veículos; câmeras de fadiga auxiliando a proteger o motorista que dirige defensivamente e quando envolvido em sinistro possui como aliada em sua defesa; cursos como de direção defensiva que os orientam quando a velocidade como por exemplo, um item extremamente importante e interligado com motivos de tombamentos, sendo que sempre que controlado evita drasticamente as estatísticas, evitando o tombamento e outros sinistros.

As soluções existem, mas a imposição e ação do governo para facilitar o acesso a profissão, melhorar as condições rodoviárias e capacitar a força de trabalho é extremamente importante, além disso, também é de suma importância a conscientização da sociedade quanto a profissão de motoristas e o quanto evoluiu nos últimos anos, ser motorista é doar-se a uma nação e junto a ela crescer e se desenvolver.

Referências Bibliográficas

NEUTO GONÇALVES DOS REIS. Diretor-Técnico Administrativo da Ntc&Logística (comp.). ESCASSEZ DE MOTORISTAS PODE ELEVAR CUSTOS DO TRC. ..

Disponível em:

https://www.portalntc.org.br/wp-content/uploads/escassez-de-motoristas-pode-elevar-custos-do-trc.pdf  Acesso em: 30 set. 2021. 

 NOVA pesquisa IRU mostra escassez de motoristas aumentar em 2021. Disponível em: https://setcesp.org.br/noticias/nova-pesquisa-iru-mostra-escassez-de-motoristas-aumentar-em-2021/ . Acesso em: 30 set. 2021.

FELTRIN, Aline. Por que os jovens não querem ser motorista de caminhão?: fatores como salário baixo, falta de qualidade de vida e ficar muito tempo longe da família afastam a nova geração dessa profissão. Fatores como salário baixo, falta de qualidade de vida e ficar muito tempo longe da família afastam a nova geração dessa profissão. 2021. Disponível em: https://estradao.estadao.com.br/caminhoes/por-que-os-jovens-nao-querem-ser-motorista-de-caminhao/ . Acesso em: 30 set. 2021.

FALTA DE MOTORISTAS QUALIFICADOS PREOCUPA MERCADO RODOVIÁRIO DE TRANSPORTE DE CARGAS. 2021. Disponível em: https://www.coopervalelog.com.br/noticias/falta-de-motoristas-qualificados-preocupa-mercado-rodoviario-de-transporte-de-cargas/ Acesso em: 30 set. 2021.

A FALTA de motoristas e reflexões. 2021. Disponível em: https://www.fetrancesc.com.br/blog-post/a-falta-de-motoristas-e-reflexoes. Acesso em: 30 set. 2021.

Por: COMJOVEM Videira