Era então julho de 2017 e a Petrobrás anunciava que estava alterando a POLíTICA de preços. Naquele ano entrava em vigor uma nova forma de cálculo de seus produtos. Na época o discurso da empresa era, “os ajustes nos preços poderão ser feitos a qualquer momento, inclusive diariamente”. Começava ali o maior caos dos últimos anos para transportadores e para os revendedores de combustíveis. No quesito reajuste de combustíveis, foram momentos clássicos de incertezas, momentos de negociações instáveis, quando se estabelecia um preço pela manhã e a tarde você recebia a informação que teria um reajuste no próximo dia. Outras vezes em reuniões de trabalho o link via mensagem de WhatshApp levava para o site da Petrobrás, e aquela informação poderia virar uma grande piada ou um momento de muito desconforto.
Para o transportador ter o preço de seu principal insumo reajustado todos diariamente virou um terror, pois seus clientes não “entendiam” o motivo e não aceitavam realizar reajustes em suas tabelas. A concorrência muitas vezes predatória se favorecia do momento e realizava ataques a seus clientes. Do outro lado da moeda os proprietários de postos não sabiam como agir, pois as distribuidoras repassavam os custos de forma instantânea, e o posto por sua vez precisava rever as planilhas de custos.
Pouco mais de 2 anos se passaram a Petrobrás já reviu sua maneira de aplicar os reajustes mais algumas vezes, porém o problema é o mesmo. Difícil dizer se está pior ou melhor que há dois anos, pois, por mais que você tivesse reajuste diários você tinha como acompanhar esses aumentos, pois na página da própria Petrobrás era possível encontrar o histórico dos reajustes. Essa “clareza” nos reajustes foi ficando para trás e aos poucos passaram a divulgar de maneiras diferentes até chegar ao modelo de mostrar o preço por base de carregamento, porém sem histórico e a pouquíssimo tempo passaram a divulgar por base e com histórico.
Hoje, o problema está na divulgação, a população sabe sobre os reajustes por meio das notícias em TV, rádio ou jornal, mas dificilmente essa informação chega em grande escala. Costumo dizer que quando o William Bonner não anuncia no Jornal Nacional o aumento, ninguém fica sabendo.
A dor de cabeça para os dois lados da moeda é a mesma há dois anos, pois não é possível você rever suas planilhas e reajustas seus custos. Do dia 01 de agosto de 2019 a 19 de setembro de 2019 o Diesel teve um reajuste de R$ 0,19 considerando o reajuste da Base de Itajaí-SC, parece pouco mais não é, pois o diesel representa cerca de 50% dos insumos de um caminhão. Isso que dizer que a cada 10.000 litros de diesel o transportador teve um aumento em seus custos de R$ 1.900,00. Se perguntarmos a qualquer transportador se conseguiu repassar esse custo a seu frete a resposta será negativa em sua maioria, pois não é possível, muitos trabalham com tabelas fechadas e fixadas por períodos em que os clientes dizem se estar com os seus custos provisionados, não sendo possível fazer o repasse, assim sendo o transportador acaba por absorvendo esses custos.
Do outro lado os postos sofrem na mesma proporção, pois como o transportador na maioria das vezes não consegue repassar os custos, ele acaba indo para o seu fornecedor (postos) para reduzir seus preços e muitas vezes os postos para não perderem seus clientes para a concorrência acabam também absorvendo parte dos reajustes.
Ou seja, na cadeia de reajustes que vem desde a Petrobrás passando pelas distribuidoras, postos e consumidores, quem acaba pagando a conta são os postos e transportadores. Desde o pequeno transportador como a grande empresa de transportes, tudo nas suas devidas proporções e essa conta que estamos pagando é
resultado da maneira incompetente que a “nossa” Petrobrás foi administrada por anos. Onde o interesse pelo poder estava a frente dos reais interesses que se deveria ter em uma empresa deste porte, e esses interesses escusos fizeram chegar a esses patamares absurdos de preços dos combustíveis.
Então a pergunta que pode ser feita é: “A Petrobrás está correta em fazer os reajustes da forma que está fazendo, pois pelo contrário teremos um conta muito mais alta para pagar?”
Até digo que sim, pois a empresa aparenta estar sendo administrada, porém o governo não deve existir para administrar empresas, por isso o grande efeito para os dois lados na moeda acontecerá o dia que houver a quebra do monopólio e a abertura desse mercado. Assim empresas nacionais e estrangeiras irão realizar investimentos e promover a livre concorrência que hoje não existe, pois existe o monopólio e é da Petrobras. Hoje somente quem sabe o que é concorrência são os postos e transportadores, então está na hora da livre concorrência no setor de combustíveis realmente existir em toda sua cadeia desde as refinarias até os postos. Estamos cansados de pagar uma conta cara, está na hora do governo deixar para quem sabe administrar empresas fazer esse papel, os empresários.
Responsável: Jefferson Davi de Espindula