Gerente da pesquisa do instituto destacou o impacto das concessionárias de rodovias e das empresas de transporte RODOVIáRIO de cargas
O volume de serviços no Rio Grande do Sul avançou 0,6% em maio ante abril, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas o movimento reflete a metodologia da pesquisa, segundo o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo. Ele pondera que o melhor indicador para avaliar o impacto das enchentes do Estado é a receita nominal das empresas de serviços, que teve queda de 13,6%.
Em maio, houve queda brusca dos preços dos pedágios (-86,18%) após as enchentes no Estado, quando concessionárias de rodovias interromperam a cobrança de tarifas para facilitar o deslocamento de veículos, seja para resgates, saídas de famílias do Estado ou transporte de doações.
Só que a metodologia da pesquisa usa a variação de preços dos itens, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para deflacionar as receitas nominais das empresas e chegar ao volume de serviços prestados.
O objetivo é avaliar a evolução do volume de serviços prestados sem o impacto dos preços. Lobo explica, no entanto, que isso gera um ruído no resultado quando essa variação é muito grande. E isso ocorreu no caso dos preços dos pedágios.
“Quando há uma variação muito grande [de preços], o dado de volume acaba não sendo uma variável tão relevante para observar esse impacto porque tem influência grande dos preços. A ideia da metodologia é tirar o efeito dos preços”, diz.
Ao detalhar o resultado, Lobo nota que, nesse caso em particular, como teve variação expressiva dos preços, não tirou essa interferência. “Na verdade, trouxe interferência por causa do comportamento atípico do nível de preços. […] Houve impacto das concessionárias de rodovias e das empresas de transporte rodoviário de cargas”, afirma.
Por isso, defende Lobo, o indicador recomendado para a análise do efeito da tragédia é o da receita nominal dos serviços.
“A melhor forma de avaliar o impacto das enchentes do Rio Grande do Sul, neste momento, é olhar para a receita das empresas. […] O resultado mostra nitidamente uma queda da receita das empresas de serviços. A queda de 13,6% retrata algo que se esperava da calamidade”, reforça.