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O setor RODOVIáRIO é responsável pela circulação de cerca de 65% de tudo aquilo que é produzido no Brasil. Porém, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), nos últimos 20 anos, o país investiu somente 2,18% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura, um valor muito aquém se comparado com as demais economias emergentes, que investem entre 4 e 5% do PIB para melhorar a infraestrutura.
A falta de investimento e os desafios impostos pela economia brasileira refletem diretamente no segmento logístico e de transporte. De acordo com o Índice de Performance Logística realizado pelo Banco Mundial e divulgado em 2016, o Brasil possui a classificação “regular” no quesito “Competência e Qualidade dos Serviços Logísticos”, com média de 3,09 num total de 5. Além disso, dentre os 160 países analisados, o País ocupa a 55ª posição.
Segundo Joyce Bessa, head de Gestão Estratégica, Finanças e Pessoas da TransJordano, empresa especializada no Transporte de produtos perigosos: “Os números apresentados no índice mostram que devemos analisar aspectos que precisam ser aprimorados e que é necessário aprender com os líderes do ranking para que o transporte avance em nosso país”.
Sempre nas primeiras posições e considerada como modelo internacional da área, vemos a Alemanha, a qual possui os maiores portos da Europa e abriga mais de 12 mil quilômetros de estradas, com uma infraestrutura de ponta. Seu sistema de sincromodalidade é o diferencial: junto com a Bélgica e a Holanda, os três países são chamados de EuroDelta e aplicam a concepção de todos os modais em um só sistema integrado e sincronizado.
Na Europa, essa ação efetiva da sincromodalidade pode ser vista no porto de Antuérpia, na Bélgica. O segundo maior porto da Europa movimenta mais de 190 milhões de cargas por ano e possui conexões para mais de 800 destinos. São 950 saídas de barcaças fluviais, 220 trens por dia interligando as principais rodovias da Europa e 1000 km de linhas férreas, ainda dentro do porto.
“Esse sistema de multimodalidade é um dos quesitos que precisamos evoluir em comparação aos países desenvolvidos. Hoje, cada modal enxerga o seu próprio negócio, mas se nós conseguíssemos utilizar as diferentes modalidades a nosso favor teríamos uma melhora completa nos diferentes modais do transporte brasileiro”, adiciona, Joyce.
Ainda para a executiva, a infraestrutura brasileira não representa a importância que o modal de transporte de cargas tem para o País. Segundo ela, as rodovias, os portos, as ferrovias e os terminais têm uma estrutura muitas vezes precária e aquém do necessário, além da falta de tecnologia pelo setor como um todo.
“Na Europa, por exemplo, existem diversos sistemas eletrônicos de antecipação de embarques que agilizam o processo e facilitam os negócios. Ainda utilizamos muito papel, o que dificulta e atrasa o transporte das cargas. Apesar de isso estar mudando aos poucos, precisamos aprender cada vez mais com os países desenvolvidos como utilizar a tecnologia a favor das transportadoras”, reforça.
Os Estados Unidos são outro bom exemplo. As estradas possuem pontos de apoio para os motoristas nas estradas, com uma estrutura de qualidade. “Esses conglomerados possuem postos de abastecimento e de alimentação, banheiros com chuveiros para motoristas, lugar para descanso e, principalmente, boa segurança. No Brasil, por outro lado, possuímos alguns poucos pontos de parada de qualidade para os profissionais da estrada”, finaliza a executiva.
*Joyce Bessa, Formada em administração de empresas e pós-graduada em Gestão em Negócios, Joyce Bessa atua como Head de Gestão Estratégica, Finanças & Pessoas na TransJordano, empresa especializada no transporte de combustíveis e como Vice Coordenadora Nacional da Comissão de Jovens Empresários do setor de Transportes – COMJOVEM.