Foto: José Paulo Lacerda/CNI
Pressão de um mercado de trabalho com mais de 14 milhões de desempregados, dificuldade de renda e desorganização da estrutura produtiva são exemplos de influências na indústria, diz pesquisador
Os serviços e o comércio operavam, em agosto, acima do patamar pré-pandemia, enquanto a indústria se encontrava abaixo, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os três principais setores da economia se recuperaram em ritmos diferentes dos efeitos mais intensos da pandemia, já estiveram todos operando acima de fevereiro de 2020, mas agora apresentam dinâmicas diferentes.
O comércio foi o primeiro com retomada mais intensa e já em julho do ano passado seu nível estava acima do pré-pandemia. Foi seguido pela indústria, que ultrapassou em setembro de 2020 o patamar observado em fevereiro. Já os serviços, mais afetados pelo caráter presencial de suas atividades, só cruzaram o patamar pré-pandemia em fevereiro deste ano, quase um ano depois do início dos efeitos da crise sanitária.
Só que a indústria vem sofrendo, ao longo de 2021, com a desorganização da cadeia produtiva, com falta de matérias-primas e encarecimento de insumos, o que levou a perder nível de produção. Em agosto de 2021, o patamar estava 2,9% abaixo do pré-pandemia, enquanto serviços e comércio estão 4,6% e 2,2% acima, respectivamente.
Gerente da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), Rodrigo Lobo lembra que a reação do comércio foi beneficiada tanto pelo efeito substituição – em que houve troca do consumo de serviços pelo consumo de bens, especialmente de alimentos – e também pelo auxílio emergencial, principalmente nos primeiros meses, com valores maiores.
“O comércio se recupera de uma forma mais rápida. O maior efeito foi em abril, mas já em julho de 2020 ultrapassa o nível pré-pandemia. Já o setor industrial, que também atravessou seu momento mais agudo em abril de 2020, chegou ao seu ápice em janeiro de 2021, quando operava 3,5% acima do nível pré-pandemia, mas em função dos acontecimentos recentes, seja por pressão de um mercado de trabalho com mais de 14 milhões de desempregados e dificuldade de renda, e a própria desorganização da estrutura produtiva, opera 2,9% abaixo de fevereiro de 2020. E por último o setor de serviços, foi o que mais demorou para ultrapassar o nível pré-pandemia, em função do caráter presencial das atividades, mas agora vem sido favorecido pelo avanço da vacinação e pelo aumento da mobilidade”, explica ele.