Estamos quase no final de 2017, porem nossa memoria permanece na crise que se iniciou em 2015 e agravou em 2016, não é difícil entender porque desta memoria latente do ano que passou, todos passamos por momentos difíceis, de decisões drásticas e, sobretudo doloridas, vimos pessoas queridas perdendo seus empregos e tendo que reestruturar suas vidas por completo, muitos ainda estão se reorganizando, ajustando seu padrão de vida para sua nova realidade. Não quero neste pequeno artigo, apontar culpados ou heróis, e sim situações que passamos como pessoas e empresas e como isso afetou e afeta nossa visão de presente e futuro.
E nossas empresas? Bem, com elas nada disso foi diferente, alias, diria que foi muito pior, além da natural redução do quadro de colaboradores, tivemos queda de receita, queda de rentabilidade e naturalmente aumento de despesas com juros, capital de giro e empréstimos. Não podemos esquecer-nos do passivo tributário que criamos ao deixar algumas obrigações tributarias para trás para que pudéssemos prosseguir de pé que muitos de nós tivemos que se submeter para passar por mais esta etapa na vida de empresários eu somos, de seres humanos comuns sujeitos a intempéries como qualquer outro.
Pois bem! E como passamos por esta etapa? Como sobrevivemos à crise? Quais as marcas deixadas? Quais os aprendizados? O que fizemos de certo e de errado? O que jamais deveríamos ter feito? Como vemos o futuro dos nossos negócios depois desta etapa? A crise realmente acabou? Em que fase dela estamos? Com certeza são poucas perguntas e com respostas das mais variáveis possíveis, entendo que cada um de nós sabe muitas das respostas, outros, talvez não conseguiram passar por mais essa crise, e não poderão responder parte das perguntas. Quero aqui deixar meu breve relato da minha primeira grande crise como empresário e algumas atitudes que tomamos que nos fizeram passar e superar uma faz comum na vida de qualquer empresário.
Muitos dizem que tivemos sorte, outros que temos bons clientes, alguns afirmam que temos uma ótima equipe, que temos ótimos gestores, ou ainda que temos colaboradores engajados, comprometidos e motivados. Alguns simplesmente não dizem nada, pois bem, eu digo que temos tudo, ou, um pouco de tudo, mas mais do que qualquer coisa, somos apaixonados pelo que fazemos, pesquisamos, estudamos ficamos noites em claro, vimos nossos resultados derreterem ao longo de 2016, mas mantivemos o foco, soubemos ouvir o mercado e a voz dos mais experientes, de que isso é só uma crise e assim como ela teremos outras talvez melhores, talvez piores. Dentre as muitas ações que tomamos, ao longo da crise, uma delas foi, não reduzir preços, muito pelo contrario, mantivemos nosso ritmo de reajustes e realinhamento de preços, abrimos mão de contas que chegavam a representar 10% de nosso faturamento. Fizemos contas como nunca fizemos antes! Isso, teremos como lição!
Hoje nossos custos estão mais apurados do que nunca, por isso abrimos mão de clientes e fomos mais felizes com isso, nosso resultado melhorou como nunca em 2017. Numa passagem em um evento da comjovem em Campos do Jordao, lembro claramente das palavras de um colega palestrante, falando sobre a rentabilidade de nossos maiores clientes e da coragem que temos que ter para tomar as decisões mais difíceis de uma transportadora, que é abrir mão de clientes que não trazer rentabilidade e não entram na margem de contribuição do nosso negocio, essa foi uma das maiores decisões que tivemos que tomar neste ano, abrir mão de grandes contas, e abrir mão de possíveis grandes contas futuras, com preços fora da realidade e prazos de pagamento inatingíveis para o nosso segmento, aprendemos a dizer NÃO.
Pois é, dizer não parece simples, parece fácil, mas é muito mais habito do que dificuldade, hoje dizemos não com uma facilidade ímpar! Isso foi à crise que nos ensinou, e essa é uma das grades lições da crise, a outra, como já fora mencionado, foi aprender a fazer contas a ter seu custo dentro da sua realidade. Mantivemos nossos talentos, eles fizeram a diferença nos tempos difíceis, esses talentos não tem preço. Não poderia deixar um ponto passar, algumas estruturas pesadas em uma empresa de transporte estão alicerçadas em custos variáveis, isso nos tirou uma carga muito pesada nos momentos de baixo fluxo de carga e de caixa.
Hoje, vemos o futuro mais otimista, sabemos que a crise ainda é parte do nosso cotidiano, vemos algumas situações de concorrentes e amigos que sabemos que não podemos seguir, e não sofremos por causa disso temos consciência de onde estamos e onde queremos chegar, isso este disseminado na estrutura enxuta que temos e mantivemos. Somos transportadores natos! Amamos o que fazemos, mas além do amor que temos, fazemos contas e entendemos que nem tudo é possível.
Responsável: Evandro S. Ferrari