O que é transporte? Essa palavra pode ter múltiplas definições, entretanto, a que melhor se enquadra em nossa opinião é o Transporte como um meio de acesso as necessidades primárias de um indivíduo, sendo elas a interação social, a educação, ao emprego, aos mercados e bens, e demais necessidades para a vida saudável de qualquer indivíduo no planeta. E sustentabilidade? Esta não está ligada apenas a cuidar do meio ambiente, ela vai muito mais além e atinge três importantes dimensões, sendo o campo Econômico, Social e Ambiental. Para se obter resultados efetivos quanto as ações sustentáveis é necessário o engajamento de todas as esferas de uma organização, isto é, acionistas, colaboradores, clientes e a própria sociedade.
A Organização das Nações Unidas (ONU) está com total atenção voltada ao setor de transportes e por isso lançou um relatório intitulado Mobilizando o Transporte Sustentável pelo Desenvolvimento, que tem por objetivo propor diretrizes para uma matriz de transportes muito mais sustentável que a atual, e que os países devem se adaptar até o ano de 2030. Segundo a ONU o setor de transporte é a chave para atingirmos todos as medidas propostas, pois é o elo de ligação entre as pessoas e suas necessidades básicas, e que se alcançado trará uma qualidade de vida incomparável no mundo todo. Na realidade do transporte sustentável além dos custos efetivos gerados, deve ser calculado também os custos referentes aos impactos que serão ocasionados para as futuras gerações, e toda essa conta deve ser paga hoje. Uma matriz de transportes sustentável não coloca em risco a saúde da sociedade e dos seus ecossistemas, mas sim satisfaz as necessidades básicas dos indivíduos e o seu desenvolvimento através de recursos renováveis, protegendo acima de tudo a saúde humana, com atenção a proteção ambiental controlando o uso dos recursos e preservando a mãe Terra.
O planejamento da matriz de transportes brasileira sempre foi voltado ao curto prazo, e isso fez com que o modal RODOVIáRIO se tornasse o mais utilizado. O Brasil está entre os principais países do mundo que mais compra veículos pesados, e por tal motivo cada vez mais a preocupação para que esse tipo de modal seja o mais sustentável possível. No entanto, é de grande notabilidade a falta de infraestrutura para o transporte rodoviário nas cidades brasileiras, e um exemplo claro disso é a pouca quantidade de áreas de carga e descarga nos grandes centros urbanos, tarefa essa que deveria ser feita por veículos de menor porte devido as dificuldades de acesso aos estabelecimentos comerciais. O para e arranca dos veículos nos grandes centros faz com que esses sejam menos eficientes e aumentem a emissão de CO2 na atmosfera e junto consequentemente o aumento do ruído. Mas, no Brasil o problema é ainda pior, a atual frota de veículos pesados que atuam no transporte rodoviário na maioria das vezes não passa pela correta manutenção preventiva ou então são mais antigos e não foram preparados com tecnologias para controle de emissões de poluentes.
As atividades de transporte são responsáveis em grande parte pelas mudanças climáticas sofridas pelo nosso planeta, portanto, várias alternativas para diminuição da emissão de gases poluentes e a adoção de transportes opcionais vem sendo tratadas como prioridades entre as maiores nações do planeta. A transição para combustíveis de baixo teor de carbono é parte central de uma estratégia climática a longo prazo. A eletrificação de veículos para transporte de curta distância e de passageiros também é uma tendência crescente.
A atividade humana está acelerando a composição da atmosfera em ritmo acelerado. Apesar disso, a predominância do setor de transportes o leva ao centro das atenções. Como o setor que mais emite, potencialmente é o que mais apresenta possibilidades de redução de emissões. Uma possível solução seria a substituição dos veículos por outros não poluentes.
Atualmente possuem diversas tecnologias possíveis de veículos que tenham nenhuma ou pouca emissão de gases de efeito estufa. Entre eles estão os carros elétricos, os veículos a célula de hidrogênio e os veículos de combustão de hidrogênio. Entretanto, tanto as eficiências energética e térmica quanto a viabilidade econômica dos veículos elétricos dominam os demais. Isto não implica, contudo, que a substituição dos atuais veículos movidos a combustíveis fósseis seja simples. Diversos fatores devem ser considerados, como: custo dos veículos; disponibilidade de energia elétrica e os níveis de emissões requeridos para gerá-la; relações entre os aspectos técnico-operacionais desses veículos e as preferências dos consumidores, aspectos relativos à segurança desses veículos e outros aspectos econômicos.
Os veículos elétricos se dividem entre os veículos elétricos (EVs), propulsados somente por motores elétricos, cuja energia é armazenada em baterias – e oriunda da rede de abastecimento de energia elétrica – e os híbridos, que combinam motores elétricos com motores a combustão interna. Os híbridos (HEVs), por sua vez, podem ter motores a combustão destinados a apenas carregar as baterias ou a ser corresponsáveis pela tração dos veículos, dividindo a tarefa de propeli-los com os motores elétricos, sendo, ao mesmo tempo, responsáveis por carregar as baterias. Finalmente, os híbridos do tipo plug-in (PHEVs) são os que, além de possuírem motores a combustão, também podem ser ligados à rede elétrica para a recarga de suas baterias, podendo assim prescindir, dependendo do uso, do acionamento do motor a combustão, pelo menos em pequenos trajetos.
• Veículo elétrico a bateria (BEV ou VEB): é tracionado por um motor elétrico e utiliza bateria como fonte de energia;
• Veículo elétrico híbrido (HEV ou VEH): utiliza pelo menos um motor elétrico e um motor a combustão interna. A bateria é recarregada exclusivamente pelo motor a combustão e pela frenagem regenerativa;
• Veículo elétrico plug-in (PHEV ou VEHP): é um híbrido em que a bateria também pode ser recarregada em uma fonte externa de energia (tomada elétrica).
Mais que isso, é importante considerar se os benefícios desses veículos valem a pena quando considerados os custos da adoção da tecnologia, que vão desde a geração de energia e suas emissões até a adaptação dela aos hábitos dos consumidores e os aspectos relacionados à segurança.
Contudo, para um transporte sustentável é necessário analisar também os riscos desta atividade. Ao longo dos anos o aumento do número de acidentes principalmente com vítimas fatais nas rodovias brasileiras é alarmante, e isso se deve ao fato de que carros, ônibus e caminhões circulam juntos, além de muitas vezes esses motoristas estarem sob cansaço acabando por provocar uma fatalidade. Outro importante indicador que contribui para essa estimativa é o aumento da quantidade de veículos pesados em função da diminuição dos estoques (Prática do Just In Time) pelas grandes indústrias, propiciando então o fluxo quase ininterrupto de veículos pesados para que seja possível o abastecimento de toda essa cadeia. Uma forma de diminuir com tal incidência é desviar o fluxo de veículos pesados para os anéis viários dos grandes centros. O Roubo de Cargas é também outro fator que assola nosso país e dificulta a sustentabilidade no segmento do TRC que encontra dificuldades para escoar as cargas até seu cliente final. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, somente neste ano a média é 1 roubo a cada 57 minutos, isto é, totalmente inadmissível para uma economia como o Brasil. Essa realidade está fazendo com que as empresas transportadoras elevem o preço das taxas para custear o gerenciamento de risco, as seguradoras o prêmio dos seguros, e os motoristas viajam assustados e apreensivos sem saber se poderão voltar para as suas casas. No entanto, caso esse cenário não seja revertido os grandes centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo começarão a sofrer com a falta de abastecimento inclusive de produtos de primeira necessidade, tudo pela falta de segurança no transporte, e no final quem sofre é a população que fica sem remédios, sem alimentos, sem produtos de higiene e suscetíveis a doenças e até a própria criminalidade.
No século passado o auge foi do petróleo, e nesse o auge é da internet onde tudo pode ser interligado através da rede de dados. Em pouco tempo todos os objetos e equipamentos estarão conectados à internet em forma de comunicação mútua, e toda essa revolução ficará conhecida como Internet das coisas, e o setor de transportes já começa a sofrer as mudanças por conta dessas novas tecnologias, e um exemplo claro são os veículos autônomos não tripulados e com desenvolvimento no Brasil pela Scania. Com o novo modelo de veículos projetado para o futuro os chamados veículos não tripulados a esperança é que o número dessas ocorrências diminua bastante devido ao veículo ser comandando totalmente por sistemas que estarão em consonância com o tráfego das cidades. Outra evolução nos próximos anos é o modelo de transporte compartilhado no qual as pessoas deixarão de utilizar seus próprios veículos para se locomoverem até o trabalho, faculdade ou sair e passarão então a utilizar caronas, ou o sistema fretado compartilhado no qual várias pessoas que tem pontos de origem e destino similares farão o rateio dos custos da corrida. Essa é uma realidade que ajudará para a redução do congestionamento das grandes cidades, poluição do ar e diminuição de ruídos.
No quadro abaixo é possível analisarmos através de alguns indicadores a situação atual do transporte rodoviário Brasileiro segmentadas por três importantes áreas (Econômica, Ambiental e Social) e no segundo quadro um replanejamento desses indicadores na realidade de transporte sustentável que está em implementação no mundo todo, vejamos:
Portanto, compreende-se que a sustentabilidade é satisfazer com consciência as necessidades do presente garantindo as próximas gerações o direito de satisfazerem suas próprias necessidades também conscientemente. Transporte Sustentável é progresso, é segurança, é inovação tecnológica, é qualidade de vida, é proteger o meio ambiente, é acreditar que o mundo pode ser melhor.
Responsável: Camila Rangel / Caio Cantú / Luiz Gustavo Nery