Há 18 meses, em um evento do TRC, onde se reuníram empresários e líderes do setor, o clima era semelhante ao de um velório. Incertezas, dúvidas e desânimo pautavam as conversas e até mesmo palestras do evento, que mais pareciam desabafos diante do caótico cenário político e econômico que se formava no país.
Naquele momento, apesar de estar passando pelas mesmas dificuldades dos demais, me fiz a seguinte pergunta: como um setor tão importante da economia pode ser tão vulnerável e abalado, ao menor presságio de uma crise econômica?
Como é de conhecimento do leitor, o Brasil, inicialmente na década de 30, e com maior ênfase na década de 50, se apoiou no modal RODOVIáRIO para garantir a integração de seus mercados. Era de se esperar, portanto, que o TRC, responsável por quase toda a movimentação de cargas e riquezas do país, fosse sólido e forte proporcionalmente à sua importância. Mas não era assim. Por quê?Dentre as respostas pertinentes para esta pergunta, a de maior relevância é, sem dúvida, a desunião do setor.
O empresário transportador, ao longo da história, sempre se mostrou avesso à união. Ganância? Medo da concorrência? Orgulho? Os motivos podem ser os mais variados. O resultado é um só: enfraquecimento do setor e empoderamento de outros agentes da cadeia, no caso, o embarcador.
Imagine, por um instante, se ao invés do embarcador ditar as regras do mercado – inclusive o preço do frete – as empresas de transporte se unissem, firmassem acordos de parcerias, etc. Não seriam elas que ditariam as condições e os preços de seus contratos e operações?
Ora, se como dito anteriormente, no Brasil só há praticamente um meio de levar a carga entre os extremos da supply-chain, não deveria ser o transportador o elo forte desta corrente, ditando as regras do jogo? É natural, em crises econômicas, que aja uma diminuição no fluxo de mercadorias. Mas nenhuma empresa deixa de produzir e vender, e nenhum consumidor deixa de comprar. Por que então o transportador deve pagar o pato?
A boa notícia é que, 18 meses depois, pude ver – e com muito orgulho participar – de uma guinada promovida pelas lideranças do setor, principalmente com a consolidação da COMJOVEM, que vem trazendo e difundindo uma nova cultura de gestão para os jovens empresários do setor. Cultura esta alinhada com as novas tecnologias, com os novos paradigmas econômicos e sociais, e sobretudo baseada nas novas tendências da economia do compartilhamento e colaboração.
Sem dúvida nenhuma já passou da hora do TRC conhecer a força que tem, e deixar de simplesmente carregar este país inteiro nas costas, esperando apenas conseguir alcançar uma cenoura.
Responsável: Márcio Fernando Mendonça