Nos últimos anos presenciamos um aumento exponencial da quantidade de caminhoneiros autônomos em nosso país, consequência de uma isenção de IPI em 2012. Com isso, houve um aumento natural da oferta do frete para uma mesma demanda, ocasionando assim uma ociosidade do serviço.
Em 2013. 2015 e principalmente 2018, presenciamos uma greve da classe, que parou o país. As exigências eram principalmente uma redução dos tributos do combustível e um tabelamento do frete.
Com isso, os caminhoneiros teriam uma segurança em relação ao valor que deveriam receber. Porém, como o valor estava elevado e impraticável em muitas circunstâncias, muitas empresas, que antes utilizavam-se do serviço, passaram a ter frota própria, e outras começaram a carregar os caminhões com peso acima do permitido em lei.
Sabendo da defasagem de fiscalização rodoviária, o carregamento com sobrepeso acabou tornando-se cada vez mais comum, causando diversas consequências ao pavimento, ao caminhão e à sociedade.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou um informativo sobre as vantagens de não transportar com sobrepeso. São elas: diminuição dos danos aos caminhões; redução do consumo de combustível; não gera danos ao pavimento; diminui o risco de acidentes; não gera multas; e ajusta melhor o mercado (CNT, 2019).
Outra consequência do excesso de peso seria a imposta aos veículos. Conforme citado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte – DNIT, o excesso no peso bruto total (PBT), danifica eixo, freios, molas; há um aumento do risco de acidentes causados pelos danos aos equipamentos e componentes do veículo; prejudica o escoamento normal da via, por conta da menor velocidade de tráfego; e um dano as obras-de-arte, por serem dimensionadas para suportar um trem-tipo. (DNIT, 2009).
A atual legislação brasileira sobre pesagem é composta por uma série de artigos, cuja origem provêm do decreto 62127/68, aprovando o Código Nacional de Trânsito. As mudanças sempre foram voltadas a aumentar o PBTC permitido, conforme demonstrado no gráfico:
No caso do PBT, os valores permitidos atualmente seriam:
- • Eixo isolado com dois pneus: 6 ton
- • Eixo isolado com quatro pneus: 10 ton
- • Eixo com dois direcionais e dois pneus cada: 12 ton
- • Eixo tandem duplo com quatro pneus: 17 ton
- • Eixo tandem triplo com quatro pneus: 25,5 ton
Mesmo com esse aumento significativo dos pesos permitidos, ainda há um número muito grande de veículos que trafegam com sobrepeso. Os efeitos desse aumento do PBT e o transporte de carga com sobrepeso, sem o preparo ideal do pavimento, causam transtornos aos usuários. Exemplificando, veículos que transitam com 5% de sobrepeso nos eixos, danificam em mais de 20% o pavimento, isso significa que, para pavimentos dimensionados para ter uma vida útil de 10 anos, com tal sobrepeso, esse tempo cai para 7 anos. O ato de frear o veículo consiste em uma troca de energia cinética em energia térmica e sonora, essa energia cinética é uma relação direta da massa do veículo. Resumidamente, a frenagem dos veículos é dada pela relação entre a soma dos pesos dos eixos pelas suas respectivas forças de frenagem conforme indicado:
FF = Onde:
FF = Força de Frenagem do veículo;
Fi = Força de Frenagem, por eixo;
Pi = Peso, por eixo.
Aumentando os pesos dos eixos, diminuem as forças de frenagem dos veículos, acarretando sérios problemas, como: superaquecimentos dos freios, falhas mecânicas e, principalmente, aumentando a distância de parada, conforme indica o gráfico:
Com todos os tipos de informações disponíveis, ainda vemos, e muito, diversos veículos comerciais trafegando com sobrepeso. As consequências são enormes para todos.
Uma solução para tal problema seria aumentar a fiscalização e aplicar mais multas aos motoristas/empresas que continuam a desobedecer a determinação.
Porém muito se sabe que as rodovias brasileiras ainda têm uma defasagem muito grande quanto à fiscalização de balança. Por isso, até resolvermos os problemas de infraestrutura e aplicarmos penalizações mais severas àqueles que continuam a desobedecer a lei e trafegar com sobrepeso, iremos permanecer com os mesmos problemas, arriscando casa vez mais, a vida dos usuários.
Responsável: Tiago Schreiber Greca