As vendas de caminhões e de ônibus voltaram a crescer no Brasil, neste ano. De janeiro a setembro, a expansão foi de 49,5% e de 16,7%, respectivamente, um indicativo do aquecimento da atividade econômica, ainda que os resultados do setor, em números absolutos, sejam considerados fracos. Nos nove meses, foram vendidos 46,1 mil caminhões e nove mil ônibus.
Apesar da incerteza em torno do cenário que se desenhará após as eleições, há otimismo entre as montadoras de que a trajetória de ascensão será mantida. Esse foi um dos aspectos destacados por executivos de algumas das montadoras com maior participação no mercado brasileiro durante o IAA 2018, maior salão de veículos comerciais do mundo, que ocorre até o dia 27 de setembro, em Hannover, na Alemanha. “No mercado brasileiro, ainda há desafios, mas estamos nos encaminhando para a recuperação”, disse o CEO do Grupo Traton (que reúne Man, Scania, Volkswagen Caminhões e Ônibus e Rio), Andreas Renschler.
O incremento nas vendas, além disso, não deve estar atrelado somente à recuperação da atividade econômica do país. Para os executivos, há uma demanda de renovação da frota de caminhões (cuja idade média é superior a dez anos) e de investimento em infraestrutura rodoviária.
A Scania, que projeta investir um total de R$ 2,6 bilhões no Brasil, a contar de 2016 até 2020, estima crescimento de 30% nas vendas de caminhões neste ano. “Ninguém fala que a crise brasileira passou. Mas há um setor de transporte que está funcionando. Há necessidade de renovação da frota, de colocar um certo número de veículos no parque. Esperamos que este seja um ano recorde em relação aos últimos anos”, analisa Mathias Carlbaum, vice-presidente executivo e chefe de operações comerciais da empresa.
“A gente vai crescer. É óbvio que, a depender do candidato eleito, esse crescimento poderá ter velocidades diferentes. Mas já começamos a sentir a recuperação. Nos primeiros oito meses deste ano, tivemos um crescimento de 50% em vendas, na comparação com o ano passado. E o que vende caminhão é o PIB”, disse Roberto Cortes, CEO e presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus para a América Latina.
A Mercedes-Benz, por sua vez, projeta crescimento de 30% nas vendas de caminhões no Brasil em 2018. Mas a preocupação é com a forma como a economia irá se comportar a partir de 2019. “As eleições são uma bola de cristal. Isso nos deixa um pouco inquietos para o ano que vem”, disse Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO da América Latina.